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Entrevista Sobre Anabolizantes

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(Entrevista para Revista Seleções 14/05/2021)

O que são os anabolizantes?

Anabolizantes, ou também chamados de Esteróides Anabólico-Androgênicos (EAA), referem-se aos hormônios esteroides da classe dos hormônios sexuais masculinos, dentre eles a testosterona e seus derivados, que são fabricados  sinteticamente com o objetivo de promover ação mimetizadora dos hormônios esteróides naturais produzidos pelo córtex da glândula adrenal (que fica situada acima dos rins) e pelas gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres).

Os hormônios masculinos têm papel importante no organismo e podemos destacar que eles mantêm as características sexuais associadas ao sexo masculino e também do status anabólico de diversos tecidos do corpo.

Em geral, quando se usa um anabolizante, ou seja, um EAA, se busca melhorar desempenho e adquirir corpos musculosos, porém seu uso crônico pode causar diversas alterações patológicas relacionadas à dose, a frequência e padrões de uso.

No Brasil, a Anvisa regula a venda e a comercialização dos EAA e é necessário prescrição médica em receituário controlado.

 

Os anabolizantes têm indicações expressas e são usados para o tratamento do hipogonadismo masculino (diversas doenças que cursam com a falta de produção dos hormônios esteróides masculinos), e também podem ser indicados em pacientes com doenças que cursam com a caquexia, como HIV, DPOC, alguns tipos de cânceres, na osteoporose. No mundo, existem muitos estudos clínicos já realizados que parecem mostrar benefícios para uso de esteróides podendo estes serem opções terapêuticas futuras para ajudar na recuperação e qualidade de vida do paciente.

Muitos praticantes de musculação utilizam anabolizantes com o intuito de aumentar a performance nos treinos e a hipertrofia muscular. Há riscos e efeitos colaterais para os homens? Quais? Por favor, fale sobre os efeitos nos rins…

O problema ocorre quando há uso indiscriminado, não indicado e até abusivo destes hormônios. Muitas vezes, não há acompanhamento médico e não há controle de procedência, nem indicação de uso.  É muito comum o uso abusivo de anabolizantes por atletas e não atletas com o objetivo de aumentar o rendimento e massa magra. Em geral, empregam ciclos de 8 a 16 semanas, intercalados por períodos de abstinência que duram meses a anos (chamados de ciclagem). Durante os ciclos, são usadas doses e quantidades de drogas crescentes e muitas vezes há uma mistura de 5 a 6 tipos de drogas diferentes, para se alcançar o objetivo. Entretanto, isso pode representar doses que chegam até 100 vezes maiores de doses usadas para tratar doenças, e o uso de múltiplas doses aumenta os efeitos colaterais e os riscos para o usuário, cursando com alto risco de complicações graves.  Os efeitos adversos incluem danos aos sistemas hepático, cardiovascular, reprodutivo, musculoesquelético, renal, imunológico e ainda eventos psicológicos e psiquiátricos.

Em se tratando dos rins, o uso abusivo dos anabolizantes pode levar a um quadro onde o rim fica inflamado e esta inflamação leva a perda grave de proteínas e sangue pela urina, e pode levar a falência permanente do rim, que é a diálise renal. Os rins param de funcionar por si e precisam de uma máquina para fazer seu papel que é filtrar o sangue para excretar dejetos metabólicos.

 

E quanto aos riscos e efeitos colaterais em mulheres?

A testosterona também é um hormônio muito importante para mulheres, inclusive o corpo feminino também a produz. Porém usar análogos não fisiológicos desse hormônio, pode causar, na mulher, infertilidade, virilização, aumento do clítoris. modificação da voz, queda de cabelo (às vezes definitiva), crescimento indesejado de pêlos e maior risco de infarto e arritmia cardíaca.

Na endocrinologia, a máxima “Menos é Mais” é regra de ouro. Hormônios são substâncias muito específicas, e o corpo produz em micro, e muitas vezes nano doses.

Saber o motivo, quando e quanto usar é papel do médico especialista.

Porém, se lançar num mundo desconhecido sem ter o devido conhecimento da implicação que pode acarretar, é se arriscar num universo de perigos, muitas vezes com consequências e sequelas irreversíveis.

 

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Dra adriane pitta

CRM 169441-SP

Formada em Clínica Geral e Pós-graduada na modalidade Lato Sensu em Endocrinologia e Metabologia, que é a minha área de atuação.

Eu acredito e faço, dentro das particularidades da especialidade, uma medicina inclusiva, com uma abordagem funcional e integrativa.

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